Tenho andado triste nos últimos dias, eu, que só por si já tenho
tendência para ir-me abaixo com facilidade. Apetecia-me que a vida fosse
como um interruptor, que pudessemos desligá-la sempre que isso nos
conviesse. Só que o senso comum diz-me que devo manter-me sóbrio,
distante, de modo a que os outros não colidam entre si, provocando
faíscas cujas chamas seriam difíceis de apagar. Devo ser subserviente e
dar a outra face, porque a razão assim o diz, porque não quero ver os
outros magoados. Os outros... Aqueles que raramente ou nunca pensam em nós, que não se ralam, não querem nem saber, mas que estão sempre lá para se aproveitarem ou para te apontarem o dedo quando ages mal. Que bom seria se pudessemos agir irracionalmente, sermos
mais emotivos e menos frios, pensarmos mais em nós. A vida é tão curta.
Que bom seria se pudessemos saír por aí, agir sem pensar, beijar porque
apetece beijar, abraçar porque estamos contentes, sorrir, rir às
gargalhadas sem vergonha, viver sem termos medo das consequências. Que
boa seria viver como se não houvesse um amanhã.
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