terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

A VOZ DAS PALAVRAS





VIRADOS DO AVESSO

Realmente, não sei como ainda me surpreendo com o estado a que chegaram as coisas não só em Portugal, como na Europa e não só, ao nível da política, do estado social, como ainda das mentalidades. Está tudo virado do avesso, à imagem da bandeira que tanto nos diz, hasteada negligentemente - anos atrás - por duas pessoas com tão altas altas responsabilidades e que não tão poucas vezes primam por meter os pés pelas mãos, à imagem de quase todos os políticos e figuras públicas. Mas não é apenas o mau presságio e a pulga atrás da orelha que fica de cada discurso de Passos Coelho e afins, as promessas líricas de António Costa ou o efeito xanax dos monólogos de Vitor Gaspar, de consequências tão terríveis e funestas como o atentado de hiroshima, que me trazem ontem como hoje preocupado como ainda revoltado. Grandes poderes trazem sempre grandes responsabilidades, mas infelizmente, aqueles que têm o poder e a disponibilidade dos meios de comunicação pecam na maioria dos casos por não servirem de exemplo a ninguém, deixando no ar a ideia de que o barco em que o nosso futuro navega anda à deriva, no completo desnorte daqueles que mandam por mandar, cegos a alternativas que não sejam as suas ideias egocêntricas e quase sempre infrutíferas como tiros de pólvora seca. Tiros no pé, como os que foram dados à poucos anos, também aqui tão perto de nós, por um conselheiro do governo espanhol, de 71 anos, que disse apenas esta pérola de sabedoria: "As mulheres são como as leis, foram feitas para serem violadas". Meu caro José Manuel Castelao Bragaño, permita-me, num dos poucos direitos adquiridos que ainda não nos foram espoliados, o da liberdade de expressão, afirmar que o senhor é um ignorante, e que o facto de ter apresentado demissão pouco depois destas afirmações de nada lhe vale nem limpa a nódoa da verborreia de que foi acometido em tão infeliz momento. Meu caro senhor, em 2017, nos antípodas da idade da pedra e dos instintos mais básicos, as pessoas regem-se por regras, usam as palavras como armas e cospem nas violações, de leis, mas principalmente de mulheres. Por onde andou enquanto o mundo evoluía?