sexta-feira, 8 de março de 2019

DOS HOMENS SEM H ÀS MULHERES SEM CABEÇA


Depois não digam que não sabem porquê! Que são alvos de uma violência gratuita. Qual gratuita qual quê! Devem gostar de apanhar é o que é! Direitos? Conhecem aquela frase dos policiais dos filmes americanos? Adapta-se à situação. "Tens mas é o direito a ficar calada. Tudo e qualquer coisa que digas pode e vai ser usado contra ti!" Já a pulga tem catarro é o que é! Não esteja o almoço na mesa a horas e eu mostro-te o que é greve.

segunda-feira, 4 de março de 2019

NÃO GOSTAR DE CARNAVAL (NÃO) É FIXE

Não gosto de Carnaval, não particularmente. Opinião que, não obstante toda a fama que o acompanha de evento que arrasta multidões, é inerente a uma grande parte das pessoas que conheço ou ouço. Parece-me consensual que a maioria acredita que fica bem na imagem ser anti-populista, criticar o que faz mexer com emoções ditas primitivas tão do agrado do povo. Não gostar de Carnaval é fixe. É fixe não gostar de futebol, de filmes lamechas e músicas comerciais. O pior é que, ao contrário dos outros que ouço e leio, não me orgulho, não acho piada nenhuma a não gostar de Carnaval. E mesmo apreciador de toda a beleza dos desfiles no Sambódromo, da beleza e da festa dos sentidos, da cor e do ritmo, do fino bom gosto do Carnaval de Veneza e da alegria genuína das crianças, da fantasia sem rédeas, continuo, por feitio ou falta daquela pequena dose de loucura que separa o actor do figurante, a ver passar a vida pelo lado errado da janela, como uma peça estranha num puzzle onde não se encaixa.

sábado, 2 de março de 2019

AS PALAVRAS QUE NUNCA TE DIREI (CONAN OSIRIS)

A GENIALIDADE DA LOUCURA

... E TODA A SAUDÁVEL MEDIOCRIDADE QUE HÁ NO MEIO


 (ou como em tons de branco e preto ainda é bom ser gray... ou cinzento)

A poucas horas da final do Festival da Canção, confesso que mal ouvi as músicas concorrentes, excepção feita aos tão badalados Telemóveis, uma espécie de vencedor antecipado do certame deste ano. Não que tenha perdido grande coisa, segundo ouvi dizer. Uma mediocridade generalizada a envergonhar um país que viu nascer grandes intérpretes como Simone de Oliveira, José Cid, Dulce Pontes ou Rita Guerra e excelentes compositores como Ary dos Santos, mesmo que invariavelmente não conseguissem os resultados desejados. Outros tempos. Não estranhei por isso que um qualquer Conan conseguisse sobressair, independentemente da qualidade ou falta dela, mas essencialmente pelo visual, e personalidade de tão peculiar intérprete, sendo tudo isso tema bastante discutido das conversas de café aos blogues desde há duas semanas atrás. Será Conan um génio incompreendido?, pensei,  ou um produto pimba, representativo de música fácil, sem critério, cuidado ou identidade, ao estilo de "hoje em dia toda a gente canta"?
Ao procurar conhecer-te um pouco mais deparei-me logo com uma declaração tua que dizia "Posso ser maluco, mas não estou sozinho". Nada mais verdadeira essa consciência, duma qualidade que eu até acho louvável de ser louco, de ser diferente numa sociedade demasiado formatada, que tende a discriminar tudo e todos que são diferentes, que não obedecem a certos conceitos cujos prazos de validade estão expirados há muito, os desajustados. Mereces logo por isso o meu respeito.Tu, a Abelha Maia, o Calimero e o Capitão América, mas a tua música de certa forma marginal, rompendo com a considerada normalidade não me impressiona, confesso. Estranha-se sem se entranhar. Como uma dose de ecstasy que nos faz delirar por umas horas, mas que não é real. E nessa realidade o teu espaço na prateleira dos predestinados é o lugar das promoções, só até final da semana. Nunca serás António Variações. Até podes perfeitamente ganhar, e chegando a Israel repetir o feito dessa Netta israelita e do seu também controverso e muito similar Toy, mas nunca passarás duma personagem efémera que num determinado espaço temporal teve os seus 15 minutos de fama, ao contrário do teu homónimo do cinema e da banda desenhada. Talvez seja eu que não saiba nada de arte, deste talento raro e único que me deixa boquiaberto à laia de quem olha para um quadro de Dali sem o compreender, sem distinguir a diferença para um qualquer desenho feito por uma criança de dois anos com síndrome de Down. Na verdade, não lido muito à vontade com os génios e os loucos, eu, que nunca "engoli" Almodovar nem Tarantino, Saramago ou João César Monteiro - nem eles a mim, admito. Simplesmente falta-me o ouvido musical, a sensibilidade para a arte ou apenas pachorra para dizer que gosto só porque me faz parecer elitista ou intelectual. Talvez por isso goste tanto da mediocridade dos anónimos, dos vulgares mas talentosos que até tocam ou escrevem umas coisitas, de quem não precisa de provocar, de usar de estratagemas, distrações para aparecer na televisão a dizer umas coisas sem nexo nem interesse só para parecer inteligente, um rebelde sem causa nenhuma, perdido em parte incerta. Talvez por isso, num universo de posições extremas e radicalistas, entre anjos e pecadores, certos ou errados, entre o branco e o preto prefira ser cinzento, prefira ser gray, mesmo entre as sombras.