segunda-feira, 7 de agosto de 2017

A VOZ DAS PALAVRAS - DAS COISAS DA VIDA E DA MORTE

ou A SENSIBILIDADE DA LÁGRIMA



Ao momento que me distraio com estas linhas não sei ainda se uma amiga continua ou não entre nós, se algum dia chegará a ler estas linhas que tão poucas vezes custaram tanto a fluir como agora. Mais do que vitórias e derrotas que tanto ocupam as nossas conversas, pensamentos e acções, que consomem grande parte da nossa vida num desperdício injustificável, a vida é feita de batalhas desde o dia em que lutamos para nascer, para termos o direito, o privilégio mas também a responsabilidade de entrarmos no jogo, de podermos fazer dessa mesma vida algo melhor. As amizades, como esta, não precisam de grande tempo para crescer, dispensam o fermento dos anos sobrevivendo e aumentando apenas com o adubo da sensibilidade, das pessoas boas por natureza, que não enganam, transparentes no olhar como no coração. Ao momento que escrevo não procuro o olhar atento de quem me possa ler, apenas dou liberdade a emoções que necessitam de sair do mais íntimo do meu ser, as quais largo aqui como se fossem cavalos selvagens numa pradaria verdejante porque existem pessoas cuja dimensão é tão grande para ficarem confinadas no baú das lembranças, pessoas boas depois mas também antes do derradeiro adeus. 
Ainda hoje se fazem ouvir os ecos da entrevista ao pai da menina que morreu - juntamente com outro banhista - vítima da queda de uma avioneta numa praia da Costa da Caparica na semana que passou, na maioria pouco abonatórios, insultuosos até na forma como apregoam uma moralidade de algibeira, como se todas as pessoas tivessem de obedecer a um comportamento estandardizado para cada situação. O homem tinha acabado de perder a filha e já estavam nas redes sociais, nos cafés, nos blogues, acusações desde ele ser insensível, anormal, que em vez de pai deve ser padrasto até estar a pensar em ganhar dinheiro com a tragédia, meter nojo, ser um porco, etc etc etc. E tudo porque... falou de forma ponderada, porque aparentou insensibilidade com a morte da filha. À distância dos factos e - felizmente - das emoções só me lembro de lhe chamar de ingénuo. Bastava uma lágrima, homem! Tão só e apenas uma lágrima seria suficiente para silenciar estes abutres sempre prontos a disparar, para fazer sangue em troca de 15 minutos de fama, mesmo que o sangue seja o de um pai que acabou de perder a filha. Infelizmente, nos dias de hoje, tão depressa se brinca com a vida como com a morte, tudo vale, tudo é permitido, como o humorista que brincou com a situação perguntando "Quando é que volta a ser ok em Portugal dar comida a uma criança com a frase 'olha o aviãozinho'?"
Ainda a propósito de lágrimas, já a mãe de Maddie McCann foi alvo de acusações graves e condenada em tribunal popular alguns anos atrás pela insensibilidade de não ter chorado durante uma entrevista em que falava da filha desaparecida. Quanto vale uma lágrima no país da hipocrisia e do julgamento fácil? Na verdade da mentira quantas lágrimas são vertidas gratuitamente e quantas gargalhadas soltas num choro contido É a lágrima o barómetro da emoção e dos sentimentos genuínos? 
Hoje a super-equipa do Barcelona recebe a equipa da Chapecoense para o troféu Juan Gamper. Mais do que um mero jogo de futebol, do valor de uma vitória ou de uma derrota importa celebrar o valor da vida e o regresso aos relvados de Alan Ruschel, um dos sobreviventes do trágico acidente que vitimou quase toda a equipa brasileira. Com ou sem lágrimas, independentemente de quem vencer dentro das quatro linhas, hoje também eu sou Chape. Que vença o futebol. Que vença a Vida. Que vença a Humanidade.
#oladobdavida2 #morte #avionetacosta #meninodalágrima #maddiemccann #chapecoense

terça-feira, 1 de agosto de 2017

O MELHOR PÔR DO SOL DO MUNDO - 5ªa parte

13 de Julho de 2014.Continuamos a desfrutar do tour Ilha do Vulcão-Hot Springs - Oia, desta vez com paragem em Oia e os seus mais de 200 degraus do porto até ao centro de Oia, certamente a localidade mais cara desta zona das ilhas gregas, rica em joalherias, propriedade na maior parte de pessoas do leste europeu. Tivemos sorte com o lugar que nos foi sugerido, apesar das quase duas horas de espera mas valeu a pena. À mesma hora e, aproveitando a ocasião, houve um casamento que veio dar outra cor e festividade a uma ocasião já de si ímpar. Inesquecível, muito aquém das imagens gravadas entretanto perdidas, das palavras apoiadas na memória. Um daqueles dias para mais tarde recordar, não vá a memória trair-nos.